quinta-feira, 25 de abril de 2013

Leitura deve fazer parte da rotina de estudo da criança


Escolha do livro conforme a faixa etária, idas às bibliotecas e contações de histórias ajudam no hábito de ler

Neste retorno às aulas, novas promessas surgem: filhos dizem que vão estudar mais e pais se comprometem com rigor na educação. Parte fundamental do aprendizado, a leitura merece atenção especial tanto de familiares como de educadores. Mas como inserir a literatura infantil na rotina escolar com dezenas de matérias e deveres de casa? Para a formação de novos leitores, a escolha do livro certo - de acordo com a faixa etária e a fase do desenvolvimento - pode tornar o processo mais fácil, diz a professora de literatura infanto-juvenil da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Edna Holanda.

Para ela, orientações pedagógicas, idas às bibliotecas, livrarias e participação de grupos de contação de histórias são ações bem-vindas neste primeiro "namoro" com a leitura, já a partir dos primeiros anos de vida, antes mesmo de a alfabetização formal na escola.

"A escolha do livro precisa ser feita com muito cuidado. A criança deve manuseá-lo, explorar as gravuras coloridas, as repetições feitas por uma voz familiar, num clima que contemple o lúdico e torne o momento das primeiras leituras algo inigualável. Tudo tem um começo, mas ler e escrever são as tarefas mais difíceis de serem cumpridas em tempo hábil pela criança", frisa a professora da Uece.O processo da leitura, observa, deve pertencer originalmente à família, a escola vem como consequência desses hábitos já adquiridos para organizar e efetivar essa aprendizagem.

Aprendizado

Fã de contos de fadas, a estudante Emilly Sales Araújo, seis anos, ainda não sabe interpretar textos, mas já consegue "ler" seu mundo nas páginas dos livros, tudo parte do seu imaginário cor-de-rosa. "Eu fico olhando para as letras, juntando elas e no final faço na minha cabeça toda a história", comenta a garota ansiosa para começar a ler formalmente.


Apesar de várias dicas de como estimular a leitura nas crianças, para o ator e contador de histórias, Raimundo Moreira, tudo pode começar de modo muito natural, sem local nem fase indicada. "Todo momento é educativo para uma criança. Até num banco de uma praça lendo um folheto os pais podem despertar essa vontade nos filhos. Entretanto, a melhor fase de estímulo é até os sete anos", ressalta. Moreira coordena o projeto da Caravana da Leitura e do Autor Cearense que acontece toda última sexta-feira de cada mês, até junho de 2011.

DESENVOLVIMENTO
Um livro certo para cada fase

Para pais e mães cheios de dúvidas de como fazer o estímulo certo, a diretora da Biblioteca Pública Menezes Pimentel, Enide Vidal, afirma que o processo tem que ser dirigido e de acordo com a fase de desenvolvimento de cada criança. Segundo ela, entre um e dois anos, o "leitor mirim" prende-se mais ao movimento, ao tom de voz. Por isso, as histórias devem ser curtas. "O ideal seria inventá-las na hora mesmo. Os livros de pano e plástico prendem a atenção. Devem ter, somente, uma gravura em cada página", detalha.

Já com dois e três anos, as histórias devem ter poucos personagens, aproximando-se, ao máximo das vivências do pequeno. "Gravuras grandes e com poucos detalhes. Música também exerce um grande fascínio", diz Enide Vidal. Dos três a seis anos, os livros mais adequados podem ter dobraduras simples, por exemplo.

A Biblioteca Menezes Pimentel tem no seu acervo infantil mais de três mil livros disponíveis para os pequenos iniciarem suas leituras. Entre as demais dicas dadas por educadores estão: explorar os acervos de públicos e de livrarias, dar liberdade de escolha, reconhecer os autores que agradam a criança e sugerir livros lidos por outras gerações. "Para a literatura virar um hábito há que se ter boa estrutura de biblioteca e obras mais baratas. Tudo começa como se fosse um namoro, depois vira um casamento para o resto da vida", frisa a diretora.





IVNA GIRÃO
REPÓRTER

Fonte: Diario do Nordeste

Nenhum comentário:

Postar um comentário