sexta-feira, 4 de abril de 2014

Seis princípios para limites e regras com as crianças


Um assunto que frequentemente angustia pais e mães é como colocar limites de um jeito eficaz. Mesmo os pais mais seguros e experientes se sentem desafiados por essa tarefa em algum momento.

São muitas as dificuldades encontradas: há quem se sinta perdido quando o filho faz birras em público; quem sinta culpa em dizer “não”, ou não saiba como fazê-lo; há o medo de perder o amor de seus filhos ou se distanciar deles quando coloca limites ou se necessita dar um castigo; muitas vezes é complicado conseguir que todos os adultos envolvidos (pai, mãe, avós, babás) coloquem os mesmos limites, de forma coerente; ou ainda, se escuta opiniões e palpites conflitantes de outras pessoas da família; sem esquecer as críticas – feitas pela família ou até por estranhos na rua – quando se tenta colocar limites; e ainda, como pode ser frustrante ter que repetir para seu filho a mesma coisa todos os dias.
  
Porém, é crucial a importância dos limites para a segurança da criança, seja no sentido de desenvolver nela o sentimento de segurança (saber que é amada e que você se importa com ela), seja para a própria proteção e segurança física (evitar acidentes, por exemplo).

Os limites também são essenciais para que a criança aprenda a distinguir o certo e o errado, o que é aceitável ou não, e ainda para aprender a lidar mais tranquilamente com suas frustrações e a conviver harmoniosamente em sociedade. Portanto, os limites auxiliam a criança a ir mais além, desenvolvendo capacidades que serão úteis para o resto da vida. Sem dúvida, vale à pena o esforço parental.

A educação dos filhos é um processo não-linear, ou seja, às vezes tem-se a impressão de dar voltas e experimentar retrocessos; na verdade, esse processo é natural, até que as conquistas estejam consolidadas. Estabelecer limites não é uma tarefa que se faça uma vez só, mas algo que deve ser continuamente repetido e reforçado para que sejam internalizados.

Por mais desafiador que seja, e mesmo que cada família encontre um jeito próprio de estabelecer e reforçar os limites, há alguns princípios a se ter em mente. Eles vão ajudá-lo a tornar essa tarefa mais simples:

1.     Combine as regras e condutas com os outros adultos

Para os adultos, é indispensável ter clareza sobre quais são as regras importantes. Essa decisão passa por uma reflexão sobre os valores pessoais e familiares. Algumas regras são importantes para a sociedade como um todo, já outras são mais importantes para algumas famílias do que para outras.

2.   Explique as regras e limites para as crianças

Explique por que cada limite dado é importante, numa linguagem acessível, sempre enfatizando em que aquele limite beneficia a criança, mesmo que a princípio isso pareça óbvio para você. Por exemplo, não diga à criança que não pode brincar com um objeto de vidro “para não quebrar”, explique também que se o vidro quebrar vai machucá-la e vai doer. Às vezes a criança não consegue fazer essa inferência sozinha. Aos poucos ela entenderá que regras e limites existem a seu favor.

Vá além de apenas impor, e sempre que possível combine as regras com as crianças. Nos combinados, deixe claro o que espera delas, e quais as consequências para a desobediência.

Lembre-se que alguns limites variam com a idade (e portanto alguns combinados precisam ser revistos de tempos em tempos) enquanto outros são fixos e não negociáveis.

3.   Estabeleça limites com firmeza e carinho, ao mesmo tempo

Assim a criança vai aos poucos entendendo que os “nãos” que recebe de você são atos de amor e de cuidado com ela, e não você impondo suas vontades de maneira arbitrária.

Tente sempre manter a calma e não alterar a voz. Não faça ameaças do tipo “Assim não vou mais gostar de você”. Os limites são para o bem dela, e não para agradar outra pessoa.

4.   Torne a informação compreensível: seja específico

Dê alternativas para um comportamento. Dizer somente “não deixe seus brinquedos espalhados” é diferente de dizer onde deve guardá-los. Dizer que deve “tratar os outros bem” é uma afirmação vaga, que não especifica o que é esperado. Novamente, o que parece óbvio para você pode não ser para o seu filho.

5.    Seja coerente e não confunda seu filho

Dê o exemplo. Não adianta cobrar do seu filho aquilo que você não faz. Seus exemplos vão falar mais alto que suas palavras.

Também não adianta cobrar o cumprimento das regras apenas de vez em quando. Nesse caso, as regras serão percebidas como imposições suas que variam com seu estado de humor.

Reforçando: os responsáveis pela criança precisam estar em sintonia, combinando para agirem de forma coerente na hora de impor limites e de fazer com que sejam cumpridos. Quando cada adulto faz de um jeito diferente a criança fica confusa, sem saber quais regras são importantes, por que devem ser seguidas ou mesmo se devem ser seguidas.

6.   Seja justo

Estabeleça regras que a criança é capaz de cumprir. O mesmo vale para eventuais castigos. Prometa o que é capaz de cumprir.

Não castigue um desconhecimento de uma regra. Explique para a criança o que espera dela e as consequências para uma desobediência futura.

Ainda sobre os castigos, quando necessários, que eles sejam imediatos. Não adianta suspender o passeio do próximo fim de semana, pois a criança (e às vezes você) nem sequer lembrará do motivo do castigo. Também não precisam ser excessivamente longos: o objetivo é que a criança reflita sobre suas ações e seja cada vez mais capaz de controlá-las.
  

Paciência, amor e perseverança. Quando ficar difícil, lembre-se que você está ajudando seu filho a lidar com frustrações, exercer o autocontrole e conviver bem com os outros, coisas que só têm a contribuir para a qualidade de vida.

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